Eram umas 13h00min’s, recebi uma noticia cruel, quase três anos atrás. Você tinha partido para outro céu, transformando aquele que eu era a sua princesinha apenas em uma terra comum e sem nenhum pouco de fantasia. O pai da Alice costumava dizer que conseguia pensar em seis coisas impossíveis antes do café. Você me fez achar aquele mundo de impossibilidades completamente possíveis e cabíveis, encaixáveis no meu campo de poder de realização própria nos poucos anos que viveu ao meu lado.
Não me importava que só soubesse cozinhar macarrão com molho de sardinha e pipoca com pimenta. Passaria a minha vida inteira comendo isso. Vivendo das suas vãs filosofias, você corajoso, sempre me ensinando que não se deixa a vida bater na nossa cara, quando ela estiver prestes a fazer isso a gente deve levantar a cabeça olhar fundo nos olhos dela, encará-la com coragem e sair assobiando paciente.
Com seu ar de Sherlock Holmes sentado na varanda fumando cachimbo e tentando explicar a uma criança de oito anos política. Escutando Guns auto aos domingos e acabando a noite com algumas modas de violas que me fazem lembrar de você até hoje.
Você era forte. Mas antes de tudo, chorava ao pé da cama sentindo que algo aconteceria e não queria nos deixar.
Um pai, amigo, que entendia meu amor por cachorros, assobiava paciente e tinha um abraço gentil. Protetor.
Eu nunca aceitaria ter outro pai que não fostes ti. Jamais aceitaria. Seria inaceitável.
Me orgulharia de mim mesma se seguisse seus princípios. Sinto-me feliz quando dizem "você parece seu pai".
Meu herói, meu gunner. Meu pai. Meu paizinho.
... e como vivia a vida intensamente...
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