quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Visualiza um pá de perfil. Nunca visita uma alma;
Dá um monte de click. Não sabe quando deu o último abraço;
Compartilha todos vídeos. Nunca divide um sofá com amigos;
Comenta em tudo, mas não agrega em nada;
Acessa as últimas notícias. Segue com o coração inacessível;
Dá like em todo mundo, mas não dá liga com ninguém pois só fala infortúnios, vulgo bad vibes;
Ama as redes sociais, mas é socialmente incapaz de perceber a dor da outra pele, a pobreza, o estupro, o assédio, a homofobia, o racismo, o machismo e o abismo que é o ódio.
Sim, o abismo que é o ódio.
Posta tanta foto. Vive tão pouco o momento.
Faz coraçãozinho Emoticon heart, mas esqueceu o que é sentimento."
Fábio Chap

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Não morra sem: admitir pro mundo que além de culta e inteligente, você é capaz de rebolar


Vamos ignorar um pouco os filmes do Woody Allen, as músicas do Chico Buarque e toda a poesia existencialista. Tudo isso é demais e completa a nossa alma. Mas tem horas que o que a gente quer mesmo é um batom vermelho, um bom salto e rebolar. Na frente do espelho ou numa balada cheia de bons (nem tão bons, vai) drinques, uma mulher de verdade liberta os seus demônios (e hormônios) é rebolando.
Cheguei a essa conclusão quando, outro dia, conversando com algumas amigas, soltei um ressabiado“não me julguem, mas acho Christina Aguilera demais”. Ao invés de críticas, ouvi vários comentários sobre todas as cenas de clipes da diva, com detalhes dos mínimos gestos das coreografias. Munida de coragem, perguntei “vocês também gostam é de rebolar, né?”. Resposta unânime.
Existe um mito de que quem gosta de um estilo de música precisa se prender a ele. Besteira. Música é como roupa: a ocasião e o humor podem fazer você sair de si e exatamente por isso se encontrar. É tipo formatura, sabe? Você está tão feliz pelo formando, que vai até o chão e se diverte com o que tocar. Não é assim? Por que não fazer da vida uma grande festa?
Não fique com vergonha. Chame uma amiga incrível, deixe o batom bem vermelho, aposte no salto e vá a uma balada. Sem preconceitos, querendo mesmo se divertir. Porque assim como há momentos em que só Woody, Chico e Leminski nos interpretam, há também aqueles que em que só uma boa batida, divas dançando, um drinque e um espelho sabem o que se passa dentro da nossa cabeça.
(frederico Elboni)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

E acontecer não seria uma forma de nascer de novo a cada queda?


Nos questionamos sobre razões, destinos, situações. Queremos entender porque determinadas coisas boas ou ruins nos acontecem. Quando é algo bom, agradecemos e deixamos as razões para lá, mas quando é ruim, lá vem a decepção. Não nos adaptamos, não queremos nos acostumar. Aliás, não fazemos o menor esforço. Não conseguimos ver razões para dizer um sim para a mudança que se anuncia. Mas a verdade é só uma: a vida não foi feita para ser questionada, mas para acontecer.

No meio da admiração acontece a paixão, no meio da gargalhada acontece a satisfação. No meio do encantamento acontece a euforia, no meio da euforia, acontece a expectativa, no meio da expectativa acontece a frustração (e na frustração, o destempero da sedução). No meio da esperança ficam resquícios de fé, no meio da fé nos ocorre mudanças, no meio da frase acontece o susto, no meio da tarde acontece a notícia ruim, no meio da tristeza vem alguém e colore felicidade.

No meio do abraço acontece o apego, no meio da risada acontecem olhares cúmplices, no meio de um livro acontece o encontro com nós mesmos, no meio do sermão acontece a chateação, no meio da raiva acontece o choro (ou ideias mirabolantes). No meio da alegria acontece uma vontade de ligar para todo mundo e contar o quanto a vida é bonita.

No meio da música acontece o refrão, no meio do choro nos ocorre a iluminação, no meio do caminho acontece a visão clara para nossos objetivos. No meio do silêncio nos ocorre a certeza do conforto. No meio dos dias, vai a vida sendo costurada por entre os nossos questionamentos indissolúveis. No meio do encontro acontece nosso coração acelerado, no meio dos motivos, nada. No meio das vontades, tudo.

Teço o que me cabe e vou em busca de dias claros que me tragam um conforto com gosto de merecido. Misturo a calmaria com a agitação e está tudo certo. Mesmo quando não estou em movimento uso formas de acontecer. Escrevo, leio, sonho.... São formas de me despertar, de me fazer melhor, de não surtar no meio da notícia ruim ou de não ficar em estado de contentamento achando que é eterno. Dosagens diárias de bom e mal humor, afinal, tudo passa. No meio dessas passagens todas, a gente fica "só" acontecendo... ou seria renascendo? E acontecer não seria uma forma de nascer de novo a cada queda?

sábado, 24 de agosto de 2013

Quem dera eu fosse o Homem que essa mulher tanto deseja.



Ela te leva café na cama, ela deita em seu ombro e te faz carinho...
  Quando você está triste é essa mulher que te consola, quando está deprimido é ela que te faz sorrir.
  Não entendo por que bebes e briga com essa mulher tão disposta a te dar amor!
  Não entendo por que desconfias de uma mulher que tanto lutou pra estar em sua companhia.. 
      Ela está te escutando, você a xinga sem motivos, e mesmo assim ela te olha com um olhar de carência.. Ela também precisa de carinho, doa todo seu amor com todo respeito para a casa, para os filhos e pra você, te chama de amor mesmo quando você a olha com um olhar destruidor sem motivo algum..
   Essa mulher é uma verdadeira guerreira, como aquelas de batalhas de filmes, onde  desenvolve a força de um leão apenas para proteger..
   Respeito e admiração, são com esses olhos que eu à vejo.

   ..Levanta-se diante desse assombroso rio de lagrimas e sorri, com um olhar triste e distante se deita e vive dia após dia, apenas pra doar seu amor e fazer todos que estão a sua volta as pessoas mais felizes do mundo, sem se importar com todo o sofrimento já vivido.
   Uma estrela que nasceu pra brilhar, com a missão do amor em seus braços. 

domingo, 28 de julho de 2013

Convulsão de indiferença


       É inevitável essa explosão de sentimentos que tenho, se isso é indiferença então meu pensamento convulsiona cada vez que força ao entender essa indiferença tão diferente Zé!
O problema zé, é que o tempo passa, cada um tem suas chances pra mudar, pra tentar, pra conseguir, mas um dia zé a vida cansa de tanto te dar chances, de tanto te ensinar e de tanto esfregar quão belo poderia ter sido teu trajeto..Sim a vida também cansa zé, ela vai te dar novas oportunidades, mas aquilo que ela te ensinou não volta a ensinar, e você vai ter que ter uma boa memória  pra lembrar do belo ensinamento que ela traz, pra poder Zé, viver a vida como um sábio.

"The simple things in life that are the most extraordinary; only wise men are able to understand them." 

As coisas simples da vida, que são as mais extraordinárias, e só os sábios conseguem vê-las.

Á chorei demais,agora quero renascer e soltar a voz que há dentro de mim, das vezes que errei só mesmo eu sei o que sofri Zé, só mesmo eu posso mudar e prosseguir..

Já me cansei de esperar a corte
Só me interessam as opiniões de quem gosta de mim
Sou mais um refém da sorte
Meu tempo é pra viver, meu tempo é pra esquecer tudo o que me fez sofrer, descobri que o amor está acima de todas as coisas e que jamais vou compreender todos os mistérios dessa vida louca meu amigo Zé.

sábado, 27 de julho de 2013

Um doce feito completamente com delicadezas


"Sorrio então, e quase paro de sentir fome..."

(Caio Fernando Abreu)

Esta semana estava meio triste por nenhum motivo aparente. Uma tristeza pesada, que me fazia não querer sorrir. Acho que todo mundo tem dias assim, não é mesmo? Tive uma vontade enorme de ficar deitada sem que ninguém me incomodasse. Pensando nas coisas que já vivi, comecei a lembrar-me dos momentos em que eu fiquei triste com motivo. Não foram muitos na verdade, mas doeram feito farpas ultrapassando a pele. Tristeza mesmo, com razão plausível, a gente não tem muitas, e esse é um dos motivos pelo qual devemos agradecer a Deus.

Fiquei alegre após lembrar que em certa ocasião eu estava extremamente triste, e não se tratava de drama ou sei lá o quê, estava triste porque a vida me pesou como quem carrega vários quilos nas costas. Isso deve ter uns 3 ou 4 anos, mas eu ainda sou capaz de lembrar, porque foi um sentimento forte que me invadiu.

Estava indo trabalhar em um dia pesado por dentro, porém belíssimo por fora. Fazia um Sol maravilhoso e todas as pessoas estavam super alegres (e não se trata de um comercial de produto de beleza) e eu tentava ficar alegre também. Eu sempre soube disfarçar muito bem a tristeza (o que sinceramente não sei se é bom ou ruim e pouco me importa, já que trata-se apenas do meu jeito de ser), mas quando a tristeza é verdadeira não há máscara que cubra a dor. O fato é que estava indo ao trabalho e a minha expressão, que denotava cansaço e decepção, deveria ser tão grande, que de repente um moço que trabalhava em um atêlie, disse-me com delicadeza: "Sorria moça, o dia tá tão bonito" e riu de uma forma tão gostosa que por um momento minha tristeza foi mais para o canto, quase indo embora de vez.

Como aconteceu dia desses quando eu estava em mais um dia ruim. Eu com a cabeça encostada pedindo mentalmente para que Deus me mandasse uma luz, uma fagulha que fosse e o moço ao meu lado começou a cantar Chico Buarque (Sivuca). De início eu estava tão absorta em meus pensamentos que sequer notei, mas o moço ao meu lado, como quem não desiste, não parava de cantar e então eu olhei para o lado e ele estava justamente na parte que dizia: "Agora eu era o herói". Achei engraçado, não engraçado exatamente, mas estranho-engraçado talvez, pela primeira vez eu escutava alguém cantando música boa na rua. Nada de 'boladona' ou 'só as cachorras'. Agora eu sou a heroína, pensei. E como um interruptor que se acende em minha mente entendi que a luz que eu pedi a Deus estava naquele moço e naquela canção.

Porque o sofrimento, por mais que a gente não compreenda ou não aceite é sim OPCIONAL. Podemos ser heróis de nossa própria história. Inventar nossos mundos, nossas canções, assim mesmo como as crianças com suas nuvens rosas e suas espadas de cenoura. A lei é só uma, né seu Chico? A gente é obrigado a ser feliz, todosantodia. A felicidade tá na janela, espia só.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

“É tão misterioso, o país das lágrimas!”


Sonhei que encontrava um amigo. Era bem diferente esse amigo. Pequeno, mas ao mesmo tempo bem maior do que eu. Magrinho, tão magrinho que eu não via como poderia ter forças. Mas era forte, muito forte. E tinha cabelos que dançavam ao vento, cabelos que eram da cor do trigo. Ele me parecia familiar, mas no sonho não me recordava de onde o conhecia. Ele chegou sorrindo! Que sorriso bom tinha meu amigo.


Eu estava chorando muito, não conseguia me sentir parte desse mundo doido, avesso a mim, às minhas expectativas. Mas o meu amigo me olhava curioso, na certa queria saber por que eu chorava tanto. Mas ele não disse nada. Ele sabia espiar e acalentar minhas dores de longe. Eu não conseguia parar de chorar. Mas em sonhos — ou mesmo na vida real — às vezes a gente não consegue fazer o que deseja, então a gente só aceita as coisas como são, embora queira mudá-las mais do que tudo.



Como não conseguia parar de chorar, não conseguia também falar. Então meu novo amigo foi logo perguntando o que é que eu tinha. Mas como eu disse, eu não conseguia parar de chorar. E nem falar. Então, como se ele soubesse tudo que se passa em meu coração, ele foi apenas falando, me contanto histórias divertidas, capazes de me fazer sorrir. Como o meu amigo gostava de falar! Mas, engraçado, lembro-me de momentos de silêncio entre nós. E era confortável. E o momento sabia quando acontecer.



Meu amigo disse que às vezes a vida é mesmo dolorida, mas que não precisa ser. Só precisamos aprender a encarar as adversidades com riso nos lábios e muita fé no coração. E rio. E eu me senti como no texto da Ana Jácomo. Me senti mar. E de repente estávamos eu e meu amigo em frente ao mar, porque em sonho é assim, as coisas acontecem sem explicação — assim como na vida real. Uma coisa que meu amigo também disse é que as coisas acontecem na hora certa. Nem antes e nem depois, mas no momento exato em que é para o choro se transformar em riso, alegria, em estado pleno de contentamento.



De repente as ondas do mar ficaram furiosas e lembro-me de ter parado de chorar nesse momento. Assustada, olhos espantados, quase pulando de tanto medo. Mas meu amigo não tinha medo. Era como se ele estivesse calmo só para me ver calma também. Não demorou muito, as ondas nos levaram para outro lugar, outro planeta! Chegando lá, o meu amigo me apresentou a uma garota. O nome dela era Ana Rosa. Muito orgulhosa e arteira. Ao contrário do meu amigo, ela não sorria muito, mas era tão sábia! Conversamos um pouco, mas eu não lembro exatamente o que falei para ela. Mas do que ela me disse eu lembro: disse que a melhor coisa do mundo é ter um amigo como o que eu tinha. O meu amigo era amigo dela também e cuidava dela com tanto empenho! Ela disse que se sentia sufocada, mas que não falava nada porque já tinha fama de chata no planeta e isso poderia piorar a situação. "Mas só vivem vocês dois aqui!" Eu quis dizer... Mas não disse. Às vezes o silêncio é a melhor opção para não ferir sentimentos.



Depois de um tempo conversando com aqueles dois, já não me recordava porque estava chorando no começo do sonho. Disse isso ao meu amigo e ele riu com seu cabelo dourado voando na posição que o vento ia. Ele segurou minha mão como se isso fosse a coisa mais natural entre pessoas que se conheceram a tão pouco tempo. Mas talvez fosse. Talvez seja. E como se lesse meus pensamentos, meu amigo disse: talvez a gente seja muito recatado para as coisas boas da vida. E sumiu. Meu amigo sumiu. Minha amiga Ana Rosa também, e o planeta, e todas as outras coisas. E eu estava de novo sentada na calçada em frente a minha casa. E tudo tinha voltado a ser como era antes, embora não fosse. Depois que um amigo passa por nossa vida ela nunca mais pode ser considerada a mesma.



autor desconhecido

"É um contentamento descontente!"


Falam tanto sobre o amor, querem tanto vivê-lo. Mas ninguém sabe dizer exatamente o que é. Acredito que o amor esteja contido nos pequenos detalhes, nesses momentos sagrados, mas intocáveis por parecerem insignificantes. Por esse motivo, algumas pessoas não acreditam nesse sentimento bonito e acolhedor. Certas coisas só são visíveis para aqueles que creem. Não é possível ter algo tão bonito nas mãos quando se precisa de provas para julgá-lo existente. Não é possível fazer parte desse círculo mágico do amor quando não se tem coragem de entrar na roda de olhos vendados.

Confundem o amor com tantos sentimentos: paixão, atração, amizade, companheirismo. Quando ele não é nada disso e tudo ao mesmo tempo. Amor é o que resta depois que todos os outros sentimentos vieram ao chão. É o que fica quando a amizade foi comprometida por um erro, quando a paixão e a atração se esvaíram por um problema qualquer, quando o companheirismo mandou lembranças depois que um dos dois passou por uma crise existencial. Mas é também precisar ter tudo isso para se sentir amada e claro, sentir-se capaz de amar. É complicação. É calmaria. É montanha-russa. E a paz de saber que o brinquedo percorreu a trajetória e parou. Já se pode descer, pegar na mão do seu amor e ir passear enquanto o Sol dança com vocês enroscados entre o algodão doce e os brinquedos que foram ganhos no tiro ao alvo.

Amor é se sentir seguro no escuro, simplesmente por enxergar luz nos olhos do outro. É identificar um cheiro entre mil outros. É quando algo que antes não tinha qualquer importância começa a ser motivo de lembrança, de riso no meio da tarde, de sonhar bonito mesmo acordada. Amor é o que a gente não vê e não consegue traduzir, mas quer que tenha um cheiro, um nome, um endereço, uma voz que diz "estou com saudade" quando menos se espera.

"Veja você, onde é que o barco foi desaguar..."


Cheguei aqui querendo escrever uma poesia. Resumir em poucas linhas tudo aquilo que estou sentindo no momento. Acontece que não dá. Não sou poetisa. Poesia é dom que nasce com a gente. Eu nasci com o dom de escrever sobre mim e também sobre os outros, se precisar, de forma nua e crua, detalhada. Ainda não consigo resumir sentimentos, não tenho a delicadeza de expor liberdade citando pássaro. Nem delicada eu sou. Vou e falo. Se parecer confuso é só um espelho da minha alma. Escritora? Não sou. Mas gosto de pensar que quando a barra pesa demais, eu seguro por meio das palavras. Quando eu venho aqui e começo a falar sobre o que sinto, é como se fosse ficando mais leve. As palavras são o meu abrigo, meu abraço, meu beijo de boa-noite, vai ficar tudo bem.

Questionamentos de todos os tipos rondam minha cabeça. É tanto "poderia ter feito isso", "não poderia ter feito aquilo" que você vai ficando desnorteada e quando se vê, desaba. Daí lembro de uma poesia linda do poeta Paulo Leminski, em que ele diz que bem lá no fundo nós gostaríamos de ver nossos problemas resolvidos por decreto! Penso no quanto seria bonito, do bem. Era só pensar com força e "plim", aquele momento não existe mais, pula-se para o momento seguinte, aquele em que são só sorrisos. Comecei a imaginar um mundo onde não houvesse problemas, onde não existe aquela baboseira de que os problemas são para nos fazer crescer. Eu quero um mundo onde eu possa inventar sem parar, ter meus sonhos realizados, minhas obrigações sanadas. Um mundo que se assemelhe a um pôr-do-sol na praia.

Penso no quanto seria bonito, mas ao mesmo tempo o quanto parece impossível e distante. E acho que é por isso que uso o sonho como meu refúgio. Sonhos são tão bonitos, podemos ter tudo aquilo que faz o nosso coração sorrir, somos o que quisermos, fazemos o que nos deixa bem. Sonhos nos deixam mais perto de nós. Somente nos sonhos é que a gente consegue sorrir até mesmo com a possibilidade. São nos sonhos que as coisas acontecem verdadeiramente. A vida real é apenas um impulso para o sonho e é por isso que eu não abro mão do bonito, é por isso que quanto mais a vida me mostra que pode ser feia, eu rebato sonhando coisas bonitas. Tem dado certo. A leveza nos acompanha quando temos pensamentos do bem.

De Dez a Um



Você está a minha procura, mas estou quieta, não respondo ao seu chamado. Finjo que nem vejo, faço uma expressão de quem não está entendendo nada. Faço de conta que sou imune as suas atitudes extremamente carinhosas. Talvez eu não queira tanto carinho assim. Que o destino não tem nada a ver com isso. Que só é necessário tempo para as coisas serem explicadas, para os pingos serem colocados nos is. Disfarço para dizer um pouco sem graça e em dúvida: não te quero tão por perto assim.


É que eu não queria que seu olhar começasse esse vendaval em mim. Não queria que seu riso se tornasse essencial, sua boca me chamasse para mais perto, que suas histórias se parecessem tão minhas. Que as minhas histórias se misturassem com as suas. Não queria que nossa conversa fosse fácil, que os nossos gostos fossem diferentes e o nosso gostar instantâneo. Não queria pensar em você quando escuto determinadas músicas e não queria que seu nome ativasse boas lembranças em minha memória. Não queria te ter mais perto ou te imaginar em meus dias. Não queria sua preocupação em me ver bem.

Os momentos se confundem com o que eu não queria e o que vivo mesmo sem querer. Os minutos se vão, me fazendo perceber que talvez eu quisesse, que talvez eu queira. Mas eu tenho um medo do caralho, que talvez você não dê jeito. Tenho um medo monstruoso que talvez não esteja disposto a enfrentar. Vou te falar: tenho medo de me apaixonar. É tão estranho te querer por perto que começo a não me reconhecer. Começo a me fundir em você. Viramos um. Viramos o que os outros veem, viramos o que a gente acha graça porque os outros pensam dessa forma. Viramos a despretensão que você carrega. A minha preocupação excessiva. Viramos colegas. Talvez amigos. Talvez algo mais. Acontece que um quer o outro. E me parece tão nítido agora. Eu simplesmente conto de dez a um pra de repente eu não surtar! E eu vou surtar mais dia ou menos dia pelo fato de que vais me deixar... Talvez esteja ai a respostas desse meu comportamento místico dos últimos dias, não consigo tirar da cabeça algo que não deveria me preocupar, mas que já não sai do meu pensar, e refletindo todas as noites temo ao te beijar

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Meu sorriso




"Meu sorriso guarda histórias e meu olhar guarda promessas que não fiz a você. Eu não me importo com seus sentimentos. Lembra o que eu disse? Sou egoísta. Não quero me relacionar com você, também não quero que você crie expectativas em relação a mim. Claro, pode até ser que uma hora ou outra eu acabe cedendo. Mas é aquela história. Depois de chorar para conseguir o doce, eu simplesmente não quero mais o doce. Opto pelo sal, choro por outra coisa, faço cena. Não quero mais. Resistente, complicada, séria, implicante, chata. O que dirão? O que quiserem. O que posso fazer é ser quem sou e aos outros só resta a fala (conduzida para o bem ou para o mal.)"

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ana Jácomo




  "São saudades de um mundo contente feito céu estrelado. Feito flor            
  abraçada por borboleta. Feito café da tarde com bolinho de chuva. 
   Onde a gente se sente tranquilo como se descansasse num cafuné.
     Onde, em vez de nos orgulharmos por carregar tanto peso, 

     a gente se orgulha por ser capaz de viver com mais leveza."

segunda-feira, 1 de julho de 2013

“Sonha que é de graça”


Acontece que as circunstâncias, os fatos, os dias, sei lá, tudo parece ir contra a corrente. O riso já não é mais fácil. O mal humor não é só pela manhã, a vida está andando e você continua parado. Tudo vai, menos você, tudo gira, menos você. De longe alguém te observa e aos olhos dele está tudo normal, mas a verdade é que você sente a vida como um stop motion feito com poucas fotos.

Tantas perguntas e quase nenhuma resposta. É preciso saber buscar e mais do que isso, é preciso saber encontrar e lidar com as possíveis respostas aos nossos questionamentos. Um dos ditados que mais gosto, diz assim: "Deus dá o frio conforme o cobertor". E é bem isso. Mesmo com tudo lento e com a chuva caindo dentro e fora de você o frio não excederá sua capacidade de lidar com os problemas que são mostrados pouco a pouco conforme os dias seguem. Dar tempo ao tempo, sabe como é?
Guimarães Rosa escreveu certa vez que o que a vida quer da gente é coragem, mas acho que muito mais que coragem ela quer da gente paciência e fé. Ela quer que a gente tenha capacidade de saber quando ter coragem e quando esperar para usar essa coragem toda.

Eu acho que se não temos respostas, pelo menos a gente pode sonhar que tem, ou quem sabe, escrever sobre nossas dúvidas. A escrita me salva de mim, me mostra um mundo que desconheço até o momento em que começo a tirar a poeira das palavras e colocá-las em um texto qualquer que sempre diz muito sobre quem sou e penso. A escrita me dá paz, esperança, fé, amor, luz... A escrita faz um lado de mim florir e emanar seu perfume para as outras partes não atingidas pela paz. O que eu faço não se aplica, mas o que eu escrevo pode ter algum proveito: enfeite-se de vida e dê a mão para a coincidência que está passando.
E se a coincidência não surgir? A gente sempre pode sonhar com um mundo sem esperas, ou quem sabe, sonhar que existem as esperas com a certeza da chegada. Podemos sonhar que passeamos de mãos dadas com a incerteza, mas que logo mais a certeza nos tirará para dançar. Podemos acreditar, por um segundo que seja, que ser feliz faz parte do direito de todo ser humano e que não importa qual rumo a sua vida tome você conseguirá sorrir com satisfação da vida que tem. Podemos sonhar que estamos patinando no gelo enquanto tudo que a gente gosta pode ser encontrado em uma loja ao lado, inclusive os sentimentos que vêm em potes delicados e floridos. A gente pode sonhar que os brindes distribuídos por essa loja são balas com sabor de beijos apaixonados e pirulitos de marshmallows com sabor de abraços sinceros. Podemos sonhar que “loja” é só um nome de praxe, já que lá todas essas delicadezas são dadas de bom grado e sempre que algo é retirado, imediatamente é substituído. A gente pode sonhar que o amor não acaba nunca, o que é mesmo verdade. Mas faz bem colocar sentimento lindo assim em sonho também.
É certo que a gente nunca vai entender o que o destino nos mostra, mas isso também deve fazer parte, não é mesmo? Que se há de fazer? Sonhamos, vivemos e sonhamos novamente para não perder o costume de ver boniteza por todos os lados. A gente pode sonhar, não pode? Porque sonhar é bom, é do bem, estimula a criatividade e faz a gente aceitar melhor a realidade que nos é dada.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

SOKO

"Seja a mudança que você quer ver no mundo"


Hoje acordei com sede de mudança! Essa palavrinha que nos causa medo, que causa um alvoroço inexplicável em nós. Hoje acordei otimista. Ou seria realista? Acreditando que todos os dias são possíveis. Acreditando nas vitórias dos dias e em tudo que a derrota pode nos oferecer. A derrota é o primeiro impulso para as mudanças. Muitas vezes nós precisamos de um  empurrãozinho para nos sabermos capazes. Acordei acreditando que o primeiro passo é sempre nosso. Talvez porque seja mesmo. Acreditando que a vida "é bonita, é bonita e é BONITA". 

Hoje acordei acreditando em "cliques", aqueles estalos que nos acometem no meio do café da manhã ou no meio de uma entrevista de emprego. Aqueles estalos que nos empurram, nos forçando a ser sempre mais. Acordei com vontade de ser a mudança, porque hoje sei que devemos trilhar nossos caminhos sem esperar mãos amigas. Mãos amigas são ótimos bônus e apesar de ajudar a resolver setenta porcento das coisas, os outros trinta porcento a gente só realiza sem ajuda mesmo. No choro ou na alegria, cabe a nós vivermos aquilo que desejamos.


Hoje acordei com uma estranha leveza no coração, mesmo que ao redor as coisas não estejam tão leves assim. Acordei para fazer acontecer aquilo que quero, aquilo que espero. Sou do grupo de gente que acredita que o melhor a se fazer é ir atrás mesmo, sem chorumelas, sem "mimimis". Hoje acordei os livros de auto-ajuda que odeio, acordei querendo espalhar flores por aí. Acordei  acreditando que vai dar certo, amém. Hoje acordei e vim correndo escrever essa prece. Agora só falta dizer amém.

"Você me bagunça e tumultua tudo em mim"

Começo a remexer cadernos, anotar sentimentos. Tentativas inúteis de te traduzir, colocar em papel. Tento lembrar situações engraçadas, momentos bonitos, gostos, escolhas, tudo de esvai. Te colocar em letras seria como tirar um pouco da essência que te acompanha. Tentar te traduzir seria somente para constatar que ainda não inventaram uma palavra que defina o que acontece dentro de mim quando te vejo.

Tento comparar o que acontece entre nós com meus filmes preferidos, mas me assusto ao perceber que meus encantamentos por ficção não superam o que trago no peito quando te vejo me encarando com seus olhos castanhos. E eu achando que tudo que eu precisava era de um romance de cinema. Mas a verdade, percebi logo depois: precisamos é de um amor real, cheio de características peculiares que nos faça esquecer de vez qualquer encantamento barato, qualquer coisa formulada especialmente para nos iludir. Histórias de cinema são lindas, legais e emocionantes por no máximo três horas, passou disso, sobra a vida real, que é a que deve ser verdadeiramente aproveitada.

Você tira tudo do lugar e faz cara de desentendido. Não curte rock, não sorri com o corpo todo
Nunca sei se está falando a verdade ou sendo irônico. Não espera por mim porque tem seu próprio jeito de ir. Mas eu gosto disso, embora não juntos a gente segue na mesma sintonia, e no momento é isso que importa. "Seria mais fácil fazer como todo mundo faz. Mas nós dançamos no silêncio, choramos no carnaval. Não vemos graça nas gracinhas da TV, morremos de rir no horário eleitoral... Nós vibramos em outra frequência..."Hoje sei que não existe príncipe encantado, homens feitos sob medida, mas existem caras legais que têm a capacidade de nos fazer feliz. 


Eu não me importo em você ser você. Gosto, gosto até demais. Gosto e nem enxergo isso como desafio.Talvez o amor seja sempre uma possibilidade, um medo que nos acomete. Quando vira certeza é porque deixou de ser amor.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Dreams Collide


Esperamos alguém que nos diga qual rumo tomar, simplesmente por não termos a habilidade de optar pelo amor. A gente não quer ter que escolher, mesmo a resposta sendo simples e óbvia. Somos adultos e o que os adultos mais precisam saber é tomar decisões. Quem dera a nossa fosse a mais sábia. Fácil eu sei que é, embora nenhum de nós admita. Nos olhamos, nos entendemos, nos desvendamos, entretanto o estar junto parece impossível. Nossas almas se reconheceram no primeiro instante, mas os nossos corpos ainda discutem à beça.

Me pego pensando no seu bem-querer. Nas suas ligações sem qualquer justificativa, simplesmente para conversar coisas comuns, detalhes que para tantos pareceriam insignificantes. Nós fazemos o simples ter peso dois. Saudade de quando eu dizia que queria chutar o balde. E você dizia que eu podia. Você dizia que eu estava no direito. Saudade de quando eu chorava por parecer impossível conviver em um mundo tão cruel e você não tentava me consolar, você não tentava me explicar, porque todos nós sabemos que essas coisas não têm mesmo explicação. Você só conversava comigo até eu cair no sono. Saudade da sua leveza. Dos teus dedos passeando em meus cabelos, em mim. E você tão próximo que eu sentia seu cheiro e decorava a essência para espalhar depois por ai. E bordar versos em nossos travesseiros com a sua poesia que ficou grudada lá. Saudade do seu jeito indiferente e ao mesmo tempo tão atencioso no que diz respeito as minhas coisas, aos meus sonhos. 

Só você entende minhas tristezas, alegrias, porralouquices, ironias (só você entende e gosta, entende e aceita). Só você me entende com o olhar, segura minha mão, me ensina a dançar um ritmo novo. Só você canta comigo as músicas mais bizarras e as mais lindas. Só você canta para mim. Com sua voz tão rouca e baixa. Talvez seja por isso que sinto tanto a sua falta. Talvez seja por isso que a saudade aqui no peito não tenha marcado hora para sair. Quem dera tivesse marcado. Não estaria eu aqui escrevendo bobagens sobre um amor de verão. Um amor que tem gosto de praia e cheiro de mar. É um amor azul. 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

"As coincidências são a maneira de Deus se manter anônimo."


Estava assistindo a um seriado quando a frase que dá título ao texto foi citada por um dos personagens. Daí que apertei o pause e comecei a refletir sobre isso. Aliás, só eu tenho essa mania maluca? De escutar determinadas coisas em seriados ou filmes, pausar e pensar a respeito? Voltemos... Quantas vezes acontecem coisas lindas e inexplicáveis em nossas vidas? Quantas vezes nos vemos frente a uma situação maravilhosa, devido as 'coincidências'? São essas e outras coisas que me fazem pensar que nada é por acaso, que Deus, por mais que nos deixe livres para fazermos o que der na telha, está sempre pronto para adaptar nossos caminhos de acordo com o que escolhemos e de acordo com o que Ele julga melhor para nós. Não importa o tamanho da loucura, Deus está com a gente e não abre mão disso.


A nossa vida é cheia de pequenos pedaços que nos levam a um destino maior, cheio de flores e cores, e claro, muita alegria. Fomos feitos para sorrir, para aproveitar. Ficar carrancudo no canto nunca ajudou ninguém. Ok, quem me conhece sabe que nem sempre sigo meus próprios conselhos. O famoso "faça o que eu digo, não o que eu faço." Eu sou mal humorada, me irrito facilmente, tenho ciúmes dos meus amigos e não entendo nada do mundo, mas é por isso que escrevo sobre coisas bonitas assim, sobre possibilidades de esperança e felicidade. Ana Jácomo disse certa vez: "Há algo em mim que me salva de mim." A escrita me salva de mim, me mostra um mundo que desconheço até o momento em que começo a tirar a poeira das palavras e colocá-las em um texto qualquer que sempre diz muito sobre o que sou e penso, embora nem sempre seja possível notar.


A escrita me dá esperança, fé, amor, luz. A escrita faz um lado de mim florir e emanar seu perfume para as outras partes não atingidas pela paz. O que eu faço não se aplica, mas o que eu escrevo pode ter algum proveito: vista-se de vontade de viver e dê a mão para a coincidência que está passando. Peça a Deus que traga o sorriso fácil, a paz e o olhar sincero. Ele traz, Ele dá. E se não o fizer, com certeza você receberá encomendas de pessoas-luz em um dia qualquer, enquanto esbarra com uma senhora que traz flores nas mãos... Você sabe, coincidências.

[Noemyr Gonçalves]
*Título é Einstein

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Querido John

"Mas eu a conheci; e é isso que torna minha vida atual tão estranha. Eu me apaixonei por ela enquanto estávamos juntos, e me apaixonei ainda mais nos anos em que ficamos separados. Nossa história tem três partes: um começo, um meio e um fim. Embora seja assim que todas as histórias se desenrolam, ainda não consigo acreditar que a nossa não durará para sempre. Reflito sobre essas coisas, e como sempre, nosso tempo juntos retorna à minha mente. Relembro como tudo começou, pois agora essas memórias são tudo o que me resta."

(Nicholas Sparks - Querido John)

Esperança

"Alguns males não necessitam de cura, mas de esperança!"
(Maria Clara de Claro Lira)

Livro do Desassossego

"Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito."

(Fernando Pessoa - Livro do Desassossego)

C. S. Lewis


"A amizade nasce no momento em que uma pessoa diz para a outra 'O quê? Você também! Pensei que eu era o único.' "

(C. S. Lewis)

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ziris


"Escrever é confessar os pecados e ouvir o próprio conselho."

(Ziris)

Felicidade de chico

"Felicidade aqui pode passar e ouvir;
E se ela for de samba;
Há de querer ficar"

(Chico Buarque)

Gritar!


"Eu quis gritar, perguntar de onde vinha tanta felicidade, e se tinha um pouco pra mim também. Só um pouquinho..."

(Hellen Hosseini)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

ANJOS!



                                                  


Existem momentos em nossas vidas que devemos PARAR, OUVIR, SENTIR E  ESPERAR!!
     Não importa quando, nem onde.. apenas com quem.. Ser feliz é algo essencial pra vida, pra pele, pros ossos e pra saúde!
Aqui.. Na Terra existem pessoas chamadas ANJOS que te proporcionam carinho, que fazem você se apaixonar, e logo depois vem o amor.. Você Ama seu anjo.. eles te deixam frágeis e ao mesmo tempo MUITO FORTES, eles te fazem rir, chorar.. mostram como realmente deverias sentir o mundo e fazem você descobrir seus verdadeiros sentimentos!
     Esses anjos são guerreiros, fortes e corajosos! São destemidos e te protegem do mal, eles cuidam de você, amam você.. SÓ BASTA ACREDITAR!



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ela é servida sempre em frascos individuais


"Imagine que vou fazer uma longa viagem, sem saber quando volto, e você vai até a estação de trem para se despedir de mim. Se depois nos comunicarmos por carta ou telefone e nos lembrarmos da despedida, não estaremos falando da mesma coisa, mesmo que imaginemos que sim. A minha lembrança e a sua serão diferentes, isso quando não forem exatamente opostas. Você se lembra de um homem que se afasta em um trem e que acena da janela. Mas eu me lembro de um homem imóvel em uma plataforma e de que ele ficava cada vez menor. É a única coisa que podemos compartilhar: a sensação do outro ficando menor. Trata-se de algo que encontra eco em nossas emoções. Quando nos distanciamos fisicamente de alguém, sua presença no inconsciente se reduz progressivamente. Talvez, nesse sentido, o que acontece no nível óptico seja mera preparação para o que acontecerá na mente. Mas voltemos ao início: a experiência nunca pode ser compartilhada. Ela é servida sempre em frascos individuais."

(Fransesc Miralles em: Nietzsche para estressados, de Allan Percy)

domingo, 22 de abril de 2012

Adriana Lisboa


"Seria possível pedir a ele que me desse um roteiro, como um guia turístico de si mesmo? Um manual. Que frase adequada dizer em cada situação. A cor da festa e a cor do luto. Setas indicando direções. As consequências da guerra interna. As prerrogativas do poder."


Nem que seja só de mentirinha



"Não adianta disfarces. Recalques. Ridiculamente óbvio quando analisado no divã ou na vida alheia. Os sinônimos do amor. Amor é palavra séria demais pra falar assim em vão. Por qualquer besteira. Amor é palavra que parece com aquelas limusines de casamento chique, que sai e vai levando muitas latinhas atrás de si. E são latinhas que fazem barulho. Barulho das responsabilidades que amar traz.

Então fica mais fácil não amar ninguém e gostar de todo mundo. Eu gosto de bolo de limão com calda de leite condensado. Gosto do meu edredon. Mas posso a qualquer hora abusar de um e de outro.

Eu consigo ver vez por outra os diversos nomes que fui dando ao amor ou foram dando ao amor que diziam sentir por mim.

Reler histórias antigas é tão engraçado como assistir um filminho demodê. Ver os gestos, os sinais, os códigos secretos emitidos por nós e para nós que antes não decifrados, hoje são tão claros e gastos. O medo saltitante de cada palavra insegura pensada e repensada mil vezes. O encanto brilhante diante do mistério que achava inocentemente ter sido descoberto. A brincadeira de dar, tomar. Gostar, desgostar. Atrair e se esconder. Intitulando aquela chaminha que ansiosa pulula buscando um pouco de ar pra tornar-se labareda: atração, paixão, curiosidade.

Tudo, menos amor.

E eu penso que no fundo a maioria (para não generalizar) gosta da tapeação. Do pó compacto que disfarça a rudeza que o amor pode significar pra quem trocou realidade por ficção ou contos da carochinha. Pobrezinho do amor. Foi trocado sem perceber. Nesse tempo de economias prefere-se os genéricos. Custam menos e provocam basicamente o mesmo efeito (nem que seja só de mentirinha). Pobrezinho de nós."

(Lice)