sábado, 27 de julho de 2013

Um doce feito completamente com delicadezas


"Sorrio então, e quase paro de sentir fome..."

(Caio Fernando Abreu)

Esta semana estava meio triste por nenhum motivo aparente. Uma tristeza pesada, que me fazia não querer sorrir. Acho que todo mundo tem dias assim, não é mesmo? Tive uma vontade enorme de ficar deitada sem que ninguém me incomodasse. Pensando nas coisas que já vivi, comecei a lembrar-me dos momentos em que eu fiquei triste com motivo. Não foram muitos na verdade, mas doeram feito farpas ultrapassando a pele. Tristeza mesmo, com razão plausível, a gente não tem muitas, e esse é um dos motivos pelo qual devemos agradecer a Deus.

Fiquei alegre após lembrar que em certa ocasião eu estava extremamente triste, e não se tratava de drama ou sei lá o quê, estava triste porque a vida me pesou como quem carrega vários quilos nas costas. Isso deve ter uns 3 ou 4 anos, mas eu ainda sou capaz de lembrar, porque foi um sentimento forte que me invadiu.

Estava indo trabalhar em um dia pesado por dentro, porém belíssimo por fora. Fazia um Sol maravilhoso e todas as pessoas estavam super alegres (e não se trata de um comercial de produto de beleza) e eu tentava ficar alegre também. Eu sempre soube disfarçar muito bem a tristeza (o que sinceramente não sei se é bom ou ruim e pouco me importa, já que trata-se apenas do meu jeito de ser), mas quando a tristeza é verdadeira não há máscara que cubra a dor. O fato é que estava indo ao trabalho e a minha expressão, que denotava cansaço e decepção, deveria ser tão grande, que de repente um moço que trabalhava em um atêlie, disse-me com delicadeza: "Sorria moça, o dia tá tão bonito" e riu de uma forma tão gostosa que por um momento minha tristeza foi mais para o canto, quase indo embora de vez.

Como aconteceu dia desses quando eu estava em mais um dia ruim. Eu com a cabeça encostada pedindo mentalmente para que Deus me mandasse uma luz, uma fagulha que fosse e o moço ao meu lado começou a cantar Chico Buarque (Sivuca). De início eu estava tão absorta em meus pensamentos que sequer notei, mas o moço ao meu lado, como quem não desiste, não parava de cantar e então eu olhei para o lado e ele estava justamente na parte que dizia: "Agora eu era o herói". Achei engraçado, não engraçado exatamente, mas estranho-engraçado talvez, pela primeira vez eu escutava alguém cantando música boa na rua. Nada de 'boladona' ou 'só as cachorras'. Agora eu sou a heroína, pensei. E como um interruptor que se acende em minha mente entendi que a luz que eu pedi a Deus estava naquele moço e naquela canção.

Porque o sofrimento, por mais que a gente não compreenda ou não aceite é sim OPCIONAL. Podemos ser heróis de nossa própria história. Inventar nossos mundos, nossas canções, assim mesmo como as crianças com suas nuvens rosas e suas espadas de cenoura. A lei é só uma, né seu Chico? A gente é obrigado a ser feliz, todosantodia. A felicidade tá na janela, espia só.

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